Erasmus em Lisboa

por Max Kaltner
Lisboa, capital de Portugal, cidade com enorme valor turístico e histórico, sobrepovoada, com criminalidade, muita presença policial, com gente de todas as nacionalidades, pessoas simpáticas, fechadas... Em poucas palavras, é esta a minha impressão de Lisboa, cidade situada na margem do Tejo.
Quando cá estive no ano passado, de férias, com a namorada, fiquei apaixonado e sonhava um dia voltar, mas não imaginava voltar um ano depois e ficar para estudar. No primeiro mês fiquei na casa dum amigo brasileiro que trabalha em Lisboa. Gostei, dos Anjos, do Bairro das Colónias, uma zona mais ou menos central, onde é o apartamento desse meu amigo. Os lisboetas sempre disseram que era uma zona difícil, onde não devia ir à noite, etc. mas eu gostava e não me aconteceu absolutamente nada. Eles exageravam, pensava eu. Mas não, ou seja... é assim, eu até agora nunca fui roubado, mas quase; e ao Pedro, meu amigo, com quem partilho o apartamento agora, já lhe roubaram algum dinheiro, e outro meu amigo, coagido, teve que levantar por duas vezes 300 €, etc. A gente de Lisboa sabe contar histórias deste género, e por isso ninguém sai com mais de 10 ou 20 € na carteira porque já contam com a possibilidade de ser assaltados. Eu não estou habituado a isso, e ainda por cima não gosto.
Mas gosto da comida portuguesa, quer dizer, nos primeiros meses comi montes de pastéis de nata, bitoques e bacalhau com natas, bebi vinho verde e cervejas e assim gastei uma fortuna. Mas valeu a pena.
Depois de um mês de férias (eu cheguei no dia 15 de Setembro de 2006 e pensei que as aulas começassem logo na próxima semana, mas não, tinha quase um mês antes de apresentar-me pela primeira vez no Gabinete de Intercâmbio) começaram as aulas e eu mudei de casa. Com o meu amigo Pedro, que já conhecia e que estava (felizmente) insatisfeito com o seu quarto em Chelas, procurámos e encontrámos um apartamento, onde estou agora. Fica longe. Quer dizer, vou a pé meia hora ou apanho o autocarro para chegar à estação do metro. Não faz mal, mas assim vou menos vezes ao centro. E não é a minha zona preferida, porque fica entre um bairro social dum lado, e um bairro de ciganos do outro.
Como o Pedro não é daqui e viaja cada fim-de-semana para sua terra, Amarante, situada no norte do país, eu já tinha a oportunidade de aproveitar varias vezes para acompanhá-lo e conhecer, pelo menos assim, a vida duma família portuguesa, com todas as suas tradições e costumes (logo ao chegar, mal passaram os primeiros minutos, ja conheci a familia toda).
Em Lisboa, todos amigos que tenho são Erasmus da Alemanha, da Áustria, da Itália (que não falam português; conversamos ou em alemão ou em inglês; tenho sorte que em casa posso falar português) com a excepção do Pedro e do meu amigo brasileiro e outro amigo madeirense que mora connosco há pouco. Eu imaginava que era mais fácil travar conhecimentos. Mas não foi assim..., quando chego à faculdade, todos são muito simpaticos, falam comigo, e depois, quando acabam as aulas, todos se vão embora... e não sou o único a quem acontece isto, os outros Erasmus dizem-me exactamente a mesma coisa. Se calhar, no Porto, não seria assim, sei lá, mas acho que o pessoal do norte é mais aberto do que a gente dos “Marrocos”, como o Pedro costuma designar Lisboa.
Porém, com tudo isso não quero dizer que não gosto. Estou a fazer uma experiência muito importante. Tenho muito tempo para pensar, e para fazer o que me apetece. No início tirei muitas fotografias, no entanto já não tiro tantas porque não quero roubem a minha máquina. Eu fui tantas vezes ao cinema, como nunca na minha vida.
As coisas que antes achava feias, como por exemplo os ciganos, os cegos e os aleijados a pedir, as buzinadelas, que não levam a nada, já começo a gostar e simplesmente faz parte de Lisboa.
Contudo eu gosto de Portugal e de Lisboa, no entanto, não queria viver aqui. Tenho a impressão que Lisboa é a ovelha ranhosa de Portugal, apesar de ser a capital, não representa bem o seu país. Nas poucas vezes que eu estive fora e conheci outros sítios, seja no arredores de Lisboa, seja no norte, eu conheci e percebi melhor a maneira de ser portugues do que aqui.
Eu aconselho a todos passar uma, duas semanas de férias em Lisboa, é uma cidade bonita. Mas não vão aos lugares errados.
Se, porém, quiser conhecer Portgual, tem de ir a outro sítio para ainda encontrar uns verdadeiros “heróis do mar”.