25 janeiro 2007

Literatura Brasileira feita por austríacos III

por Esther Bacher

Se não tiver frutos,
valeu a beleza das flores.
Se não tiver flores,
valeu a sombra das folhas.
Se não tiver folhas,
então valeu a intenção da semente.


Escrito por Henfil, Henrique de Souza Filho(1944-88), um dos maiores cartunistas do Brasil no século XX, o poema acima serviu de inspiração para muitos alunos do curso de português 3. Veja o poema a seguir.

A linguagem do amor

Se você não puder falar,
entenderei através das suas mãos.

Se você não puder se mover,
lerei em seus olhos.

Se você não puder olhar,
sentirei mesmo assim o que você quiser dizer.

Porque o amor tem uma linguagem particular.

Jena: I Congresso Internacional de Estudantes Lusitanistas

por Glauco Vaz Feijó & Jacqueline Fiuza da Silva Regis
“Gente de toda cor, raça de toda fé”:
I. internationale Studententagung der Lusitanistik in Jena
13. – 16. Juni 2007

Os estudantes do grupo Wir wollen Portugiesisch (Queremos Português), a Associação Festival de Colores e o Instituto de Romanística da Universidade de Jena estão organizando o primeiro congresso estudantil sobre a língua portuguesa que ocorrerá entre os dias 13 e 16 de junho de 2007 na cidade de Jena, Alemanha. Todo estudante, da graduação ao doutoramento, que se dedique ao estudo e/ou à pesquisa sobre os países e regiões de língua portuguesa nas áreas de história, língua, economia e cultura em seu sentido mais amplo, estão cordialmente convidados a enviarem proposta de apresentação de trabalho.
O objetivo do congresso é reforçar a importância da pesquisa sobre a língua portuguesa e suas culturas correlatas e criar um espaço de debate e reflexão para novos pesquisadores, que tenham como objeto ou instrumento de investigação a língua portuguesa e fenômenos ligados às regiões onde ela é falada.
Mais informações sobre o congresso em:

22 janeiro 2007

Literatura brasileira feita por austríacos II

O poema abaixo foi escrito pela aluna Sayoko Kaschl, do curso Português III, e é inspirado no poema "Cidadezinha qualquer" do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade.


Lugarzinho favorito

Sentindo a areia quente e branca
Olhando a água azul e fresca
O cheiro do mar, a umidade do ar.

As crianças brincam com a areia e água
Os jovens jogam voleibol de praia
Gargalhadas, risadas, júbilos e gritos.

O navio sai na distância.
O sol se põe atrás da ilha.
A tranqüilidade volta à praia.

Só as ondas consolam a praia
Pela noite afora, até amanhã.


Sayoko Kaschl

15 janeiro 2007

Lisboa velha cidade


por Alexandre Gabriel

Belém e outros atrativos

Hoje vou contar de algumas curiosidades que estão fora do centro de Lisboa. Em Belém, um bairro junto ao Tejo, há vários edifícios importantes para admirar. Era o lugar onde o navegador Vasco da Gama partiu para descobrir o caminho para a Índia e Pedro Álvares Cabral, que por acaso, em vez de chegar à Índia, encontrou o Brasil. No Palácio de Belém residiam os reis, e hoje em dia é a morada do presidente da República. O Mosteiro dos Jerónimos é sem dúvida uma das significativas obras do estilo manuelino e em 1984 tornou-se patrimônio mundial. Um ano depois, Mário Soares, o então presidente da República, assinou o contrato para a adesão de Portugal à União Europeia. O Rei Dom Manuel I financiou o Mosteiro com os lucros do pimento que ele fazia na África e na Ásia. Ao lado do Mosteiro dos Jerónimos fica o Centro Cultural de Belém, um complexo arquitetônico moderno, porém foi construído da mesmo pedra do que o Mosteiro dos Jerónimos. Sobre este edifício havia uma grande polêmica: muitos gostam do Centro Cultural porque acham que está em harmonia com o Mosteiro de Jerónimos, não há uma ruptura entre o antigo e o moderno e outros são cépticos e até pensam o contrário sobre este assunto. Seja como for, há boas exposições no Centro Cultural, eu visitei a exibição da pintora Frida Kahla, e achei a muito bem feita. A Torre de Belém é também como o Mosteiro de Jerónimos em estilo manuelino. Ele está no rio Tejo, e antigamente era utilizado como uma fortaleza. O Padrão dos Descobrimentos foi construído em 1960 por ocasião dos 500 anos da morte de D. Henrique, o Navegador. Naturalmente, pode-se visitar outras atrações como o Museu Nacional dos Coches, o Planetário Calouste Gulbenkian, ou o Museu de Electricidade. Uma coisa não se pode perder: tem-se de provar são os pastéis de Belém, perto do Mosteiro dos Jerónimos: São uma delícia!

O diminutivo na Língua Portuguesa

por Rafael Mattos

Erra quem pensa que a função do diminutivo na língua portuguesa é somente diminuir. A primeira e mais clara exceção dessa regra é o advérbio temporal “rapidinho”, que sempre demora mais do que se fosse somente “rápido”.
Com o grande contato que estou tendo com alunos de português como língua estrangeira, percebi que esse tema causa grande fascinação. Mas como dar uma explicação satisfatória para o porquê de uma roupa ser “baratinha” ou de tomarmos um “cafezinho”?
O diminutivo não segue uma regra só, mas várias regrinhas. No dia-a-dia do brasileiro, pode ser muito usado com tom pejorativo. Desse modo, um médico vira um doutorzinho e um guarda perde todo seu poder, virando o guardinha.
Para se referir a uma grande precisão, também podemos recorrer ao diminutivo. Por exemplo, um amigo que mora no comecinho da rua, ou alguém que sabe direitinho fazer determinado caminho.
O mais popular talvez seja o diminutivo sedutor, que torna qualquer proposta mais atrativa: pegar uma praia é bom, mas não tanto quanto pegar aquela prainha. Nessa categoria também se encontra o primeiro diminutivo que os estrangeiros aprendem, a cervejinha.
Pode haver também mudanças de significado. Pobre é aquele que não tem dinheiro. Pobrezinha é a moça que foi traída pelo namorado. Tadinha é a abreviação do diminutivo de coitada, e enfatiza a compaixão que se sente por alguém de quem se sente pena – ou peninha.
Não devo me alongar muito, porque esse texto era pra ser curtinho. Espero que tenha conseguido deixar mais claro esse fenômeno do português, uma lingüinha difícil pra caramba!

Literatura brasileira feita por austríacos

Muitos alunos austríacos aprendem português na Universidade de Salzburg. O que impressiona é o interesse que eles demonstram pelos países que falam essa língua, bem como o esforço que dedicam para aprendê-la. Abaixo segue o poema da aluna Monika Auer do curso de Português III, inspirado pelo poema "Cidadezinha qualquer" de Carlos Drummond de Andrade.


Na rua (da minha cidade natal)

Às vezes um carro
mas depois de novo nada.

Às vezes uma pessoa, ou até duas
mas depois de novo nada.

Às vezes uma vaca, uma ovelha perdida
mas depois de novo vada.

Às vezes o ruído do vento
mas depois de novo nada.

Às vezes o ruído do chuva
mas depois de novo nada.

Às vezes há vida na rua
mas depois de novo nada.


Monika Auer