O banco do parque
Como era gostoso, aquele silêncio do dia recém-nascido. O sol do outono se esforçava de tal jeito que até os pássaros já unidos em longa viagem para os países quentes se alinhavam em diversas direções no céu. Me sentia em paz. Hoje queria ficar sozinho. Só observando a natureza, que logo, logo iria perder as cores fortes, que ainda brilhavam em várias tonalidades de vermelho e dourado. Eu sabia que aquela paz não continuaria por muito tempo. Na hora do almoço chegariam diversos funcionários das empresas dos arredores para tomar um lanchinho naquele dia ensolarado. Mas ainda não era hora. Senti o calor do sol, que esquentava a minha lenha com cuidado. O inverno não teria aquela gentileza. Me cobriria de neve e gelo e deixaria marcas nas minhas lembranças. Lembrei-me dos primeiros dias depois da minha chegada naquele parque. Já na primeira noite tinham vindo dois amantes, beijaram-se tão intensamente que fiquei envergonhado. Fiquei com vontade de virar o meu olhar, mas não consegui. Ouvi as promessas do rapaz, que nunca mais iria amar outra mulher. Eu tinha as minhas dúvidas. De repente, os dois levantaram e fugiram correndo dum cachorro se aproximando. O velho que o acompanhava, sentou- se para fumar um cigarro. Ele soltou o cão e jogou uma varinha para ele. O amigo fiel deu um salto e foi correndo atrás do objeto. Logo depois entregou o galho ao dono, abanando o rabo com entusiasmo, mostrando assim o valor da sua façanha. E o jogo começou de novo.
Também lembrei daquele dia em que uma moça sentou-se na sombra da árvore, lendo a carta que tinha nas mãos. Era uma notícia de um advogado, informando-a da morte da mãe amada. As lágrimas desciam devagarzinho, deixando traços na maquilagem do lindo rosto.
Certa vez uns garotos tentaram derrubar- me, eram loucos e estavam embriagados e acharam graça na minha destruição. Mas eu resisti até que eles perderam a vontade. Quem não tem a possibilidade de fugir, tem que resistir – é a única chance para sobreviver. Eu sou forte e estou em condições de enfrentar qualquer situação ameaçadora. Só assim consegui ficar tantos anos no mesmo lugar - ainda convidando gente cansada para descançar, gente animada para se divertir e gente desconhecida para se conhecer. É assim a minha vida, é assim que eu vivo de um dia para o outro, de um ano para o outro, até que um dia – quem sabe – cansado, até eu vá deixar de existir.
Também lembrei daquele dia em que uma moça sentou-se na sombra da árvore, lendo a carta que tinha nas mãos. Era uma notícia de um advogado, informando-a da morte da mãe amada. As lágrimas desciam devagarzinho, deixando traços na maquilagem do lindo rosto.
Certa vez uns garotos tentaram derrubar- me, eram loucos e estavam embriagados e acharam graça na minha destruição. Mas eu resisti até que eles perderam a vontade. Quem não tem a possibilidade de fugir, tem que resistir – é a única chance para sobreviver. Eu sou forte e estou em condições de enfrentar qualquer situação ameaçadora. Só assim consegui ficar tantos anos no mesmo lugar - ainda convidando gente cansada para descançar, gente animada para se divertir e gente desconhecida para se conhecer. É assim a minha vida, é assim que eu vivo de um dia para o outro, de um ano para o outro, até que um dia – quem sabe – cansado, até eu vá deixar de existir.